sábado, 27 de novembro de 2010

em tempos tranquilos

minha inspiração vem da tristeza
da angústia
da incerteza

em tempos tranquilos no amor

tristeza se evapora
angústia não sinto
incerteza vai embora

em tempos tranquilos no amor

mãos entrelaçadas
sorrisos bobos
olhares perdidos

inspiração para um novo tempo

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O importante é que nossa emoção sobreviva!

Da série: Retinas

SÁBADO_27 DE FEVEREIRO DE 2010



Num instante, mudança de planos. Já são quase 8 e o show começa as 9, saio acelerado para o SESC Pompéia, no caminho ansiedade e incerteza: “Será que ainda tem ingresso?”. É dia de show do poeta Paulo César Pinheiro, comemoração dos seus 60 anos de vida. Oportunidade ímpar de vê-lo em São Paulo.

Subo num passo rápido a Francisco Matarazzo e de longe avisto na porta do Sesc um aviso de ingressos esgotados, penso: “Que merda, perdi”. Chegando mais perto, alívio, os esgotados eram do outro show da noite, Pedro Luís e a Parede.

Já são quase nove e na fila os minutos parecem uma eternidade, finalmente chega a minha vez, restam poucos lugares, a atendente me dá a opção da galeria do teatro: “não tem assento marcado, mas entrando antes você pega um bom lugar”. Aceitei a opção e não podia ter sido melhor, fiquei acima do palco e de frente para o mestre.


Soa a primeira campainha, o público continua chegando. A segunda... expectativa! A terceira, finalmente casa cheia.

A luz vai diminuindo aos poucos. O poeta entra sozinho no palco, a platéia se levanta e o saúda com muitas palmas. Com um sorriso tímido, terno e de agradecimento, abre os braços retribuindo o carinho.

Se acomoda no centro do palco e com sua voz rouca e inconfundível faz um breve relato dos 60 anos de vida: 46 anos de carreira, quase duas mil composições, mais de mil gravadas; inúmeros textos para jornais e revistas; produções de discos e peças de teatro; dez discos lançados; dez livros de poesia, dos quais seis ainda na gaveta e um romance, recém- lançado. “Está a venda aí fora, no final vou autografar”, promete.

O primeiro músico a ser chamado é Maurício Carrilo, também produtor do show, no violão 7 cordas acompanha Pinheiro em Viagem, primeira música feita pelo compositor aos 14 anos de idade.

Na sequência ele convida os percussionistas Marcos Tadeu e Paulino Dias e no cavaquinho sua esposa Luciana Rabello. Causa alvoroço na platéia ao entoar Lapinha, “Quando eu morrer me enterre na Lapinha... calça culote, paletó, almofadinha”.

Aos poucos, como ele mesmo brinca, o palco se transforma em sua sala de estar. Para completar o time de músicos, sobem ao palco seu filho Julião Rabello Pinheiro, no violão 6 cordas, sua filha Ana Rabello Pinheiro, e tal qual a mãe, também no cavaquinho. E ainda, sua cunhada Amélia Rabello, de belíssima voz. (família da pesada, é muito talento junto!)

Numa atmosfera mágica, canções, poemas e histórias são deliciosamente entregues a platéia.

O poeta mostra um certo desconforto, com seguidos pigarros. “Em outro tempo, tinha alguma coisinha pra esquentar a garganta, agora já não posso tanto”, diz, cercado por 3 copos d´água. Prontamente, Carrilo se levanta e em poucos minutos aparece com 2 copos de whyskie, um ele divide com os percussionistas e o outro serve a Paulo. Pigarro resolvido, apesar do olhar de reprovação da esposa.

Esposa, filho e filha (tímidos, porém afinadíssimos) interpretam canções inéditas feitas em parceria com o poeta. Ele assiste a tudo encantado e com o orgulho transbordando em seus gestos. “Aprenderam direitinho, não acham”, “Se fizer pagode eu mato de joelho no pé de milho”, brinca ao final das apresentações. Sua esposa responde, “Não existe a menor possibidade disso acontecer”. Risos e aplausos!!

O espetáculo vai chegando ao fim e em Canto das Três Raças, fica impossível não se emocionar.

Alguns minutos de aplausos, o poeta volta para o bis com a linda E lá se vão meus anéis, homenageando Eduardo Gudin, parceiro na canção e presente na platéia.

O show acaba, deixando um gosto de quero mais. É impressionante o impacto que esses momentos causam na emoção.

Ainda fico para tentar um autógrafo no livro. Alguns minutos se passam e o homem dos botequins e dos bares reaparece, cumprindo a promessa do começo do show.

Na sua simplicidade e cordialidade senta para atender os pedidos. Sou o quinto da fila, minha voz falha e preciso repetir meu nome, após o autógrafo e um aperto firme de mão, a única coisa que consigo dizer é um “obrigado Paulo”.

Volto pra casa cantarolando, inebriado... feliz como uma criança!