Caminho a passos lentos pela avenida Paulista, o meu refúgio nos dias de solidão, sempre uma boa companheira para as noites estreladas de sábado ou para as tardes azuis de domingo.
Ainda envolto em pensamentos sobre o filme que acabo de assistir, minha cabeça fervilha de idéias, preocupações e anseios. Penso no trabalho e na semana que está por vir.
Estou tranqüilo e atencioso ao que se passa em meu redor. Jovens eufóricos com cabelos espetados e coloridos; casais de namorados, alguns apaixonados, outros nem tanto; um músico se esforça na guitarra para chamar a atenção dos pedestres, me parece em vão; pontos de ônibus cheios, gente de todo tipo de todas as idades; tem de tudo um pouco, me sinto no centro do mundo.
Observo as luzes, prédios decorados e coloridos, janelas acesas, os faróis dos carros compõem a paisagem, a avenida fica mais bela e imponente durante a noite.
No vão do MASP um saxofonista toca uma melodia conhecida, da qual eu não consigo me lembrar o nome, em sua volta uma pequena platéia, paro por um instante, o semblante de admiração das pessoas me arrancam um breve sorriso.
Os bares ainda estão cheios, vozes se misturam em conversas entusiasmadas, fumantes em pé tomam as calçadas, e a noite parece, para eles, estar só começando.
Mais um dia termina, estou feliz e em paz, com as energias recarregadas, no entanto com uma sensação recorrente de que está me faltando algo...
O percurso é o mesmo, a mesma avenida, o mesmo cenário, meus pensamentos continuam a mil, só que já não presto tanta atenção ao meu redor.
Na minha mão há outra mão entrelaçada, olhos brilhantes me fitam, aliados a um sorriso que me encanta, estou em paz, feliz... e com a certeza de que não me falta mais nada.